quinta-feira, 22 de abril de 2010

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Meu primeiro Lorca - Bodas de Sangue

Morte Mendiga


Beijo da Morte


A Lua

Gazel da Fuga


Perdi-me muitas vezes pelo mar,
o ouvido cheio de flores recém cortadas,
a língua cheia de amor e de agonia.
Muitas vezes perdi-me pelo mar,
como me perco no coração de alguns meninos.
Não há noite em que, ao dar um beijo,
não sinta o sorriso das pessoas sem rosto,
nem há ninguém que, ao tocar um recém-nascido,
se esqueça das imóveis caveiras de cavalo.
Porque as rosas buscam na frente
uma dura paisagem de osso
e as mãos do homem não têm mais sentido
senão imitar as raízes sob a terra.
Como me perco no coração de alguns meninos,
perdi-me muitas vezes pelo mar.
Ignorante da água vou buscando uma morte de luz que me consuma.

Poesia

Da Rosa
F.G.Lorca

A rosa
não procurava a aurora:
quase eterna em seu ramo,
procurava outra coisa.

A rosa
não buscava nem ciência nem sombra:
confins de carne e sonho,
buscava outra coisa.

A rosa
não procurava a rosa.
Imóvel lá no céu
procurava outra coisa.












"Para que serve um poema? Talvez para insistir que há sempre restos, equívocos, lapsos, fraturas na sintonia do homem com o real."


"Discurso da desordem consequente, a poesia não precisa lamuriar-se diante da ordem tecnológica e nela acusar o inimigo obstrutor de seu alcance. Excluída há mais de um século do grande circuito de consumo, ela pode, à margem, vigorar sem outro compromisso que não seja a afirmação de que nossa liberdade passa não apenas pelas palavras em que nos reconhecemos, mas, sobretudo, pelas palavras com as quais aprendemos a nos transformar."

BRECHT

Não desperdicem um só pensamento
Com o que não pode mudar!
Não levantem um dedo
Para o que não pode ser melhorado!
Com o que não pode ser salvo
Não vertam uma lágrima! Mas
O que existe distribuam aos famintos
Façam realizar-se o possível e esmaguem
Esmaguem o patife egoísta que lhes atrapalha os
movimentos
Quando retiram do poço seu irmão, com as cordas
que existem em abundância.
Não desperdicem um só pensamento com o que
não muda!
Mas retirem toda a humanidade sofredora do poço
Com as cordas que existem em abundância!