domingo, 20 de janeiro de 2013

A dança



Para atravessar a pista de dança,
ele me deu a mão.
E o lodo pantanoso do tempo,
que se entranhava entre meus dedos,
fez se tapete de algodão.
Midas da delicadeza,
magro, mago, menino,
cego condutor de cego
fugido de um quadro de Brueghel.

E se eu tropeçasse?
Se me perdesse?
Se me pisoteassem o couro com seus tênis de borracha?

Fazia calor na pista de dança
mão com mão,
foi desavisado seu gesto  a me lembrar do presente:
É você, é aqui, é já!
Houve brisa na pista de dança.
E eu, de mestre dançarino,
me fiz aprendiz do destino,
sob o ritmo dos passos
e os requebros do futuro.
Tão conduzido e leve pelas mãos grandes de um menino.


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