
Agora estou em São Paulo. Faz poucas horas, estava aos pés da estátua de Padre Cícero, em Juazeiro do Norte. Já estive por 4 vezes me apresentando na região do Cariri e foi paixão à primeira vista! É como se eu entendesse tudo que move a vida por lá. Tenho amigos, conheço as ruas e os caminhos, sei negociar preço com os taxistas, dou informações na rua e meu sotaque se modifica depois de algumas horas por lá. Até promessa faço, depois me esqueço do que prometi, mas pago de outra forma.
Do auto do Horto, onde está plantada a aparentemente horrível estátua, pode- se ver Juazeiro, Crato e Barbalha e a serra do Araripe que parece ter sido desenhada no horizonte por um daqueles arquitetos modernistas.
O que faz a beleza do horto são justamente as manifestações de fé, as milhares e milhares de fitas amarradas à imagem do padre, os chumaços de cabelo, as velhas beatas e aquela estética romeira, de santinhos, escapulários e cópias baratas do coração de Jesus com luzinhas coloridas.
Juazeiro do Norte, fundada por romeiros e pelo padre Cícero é uma cidade comercial. Na subida da serra que leva ao horto existe um conjunto de casinhas características da região, coloridas, com as portas sempre abertas, com altares na parede da frente e com gente sentada na porta. Todos fazem questão de nos cumprimentar em sinal de cordialidade. Existe uma doçura irresistível no ar. A cidade respira uma espécie de fé jocosa, de crença malandra, de permanente penitência em festa.
O Crato é uma cidade rica em manifestações culturais.Seus moradores se orgulham de nela terem nascido, chamam - na "Cratinho de açucar", "meu amado Crato"e expressam com frequência, uma espécie de divertido menosprezo histórico pelo Juazeiro.
Barbalha é uma preciosidade. Cidadezinha antiga onde ainda é possível assistir aos ritos dos penitentes.

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